Sunday, July 30, 2006

4:13 AM

Quatro da manha e ainda acordado. O infatigável relógio, as paredes escurecidas, o ecrã luminescente e tudo o resto que me rodeia, quase que absurdamente, trazem-me à mente a mesma imagem, o mesmo conceito, o mesmo sentimento, aquele que é escusado ser nomeado, pois seu nome pura e simplesmente é redutor, minguante, e de tanto uso, quase que soa consporcado.

Várias são as vezes que tal termo me surge na consciência, várias são as vezes que eu o considero inadequado. Tal capacidade de catalogação inerte na raça humana é embrutecedora. É como que decrever o gosto de uma refeição dizendo apenas se é doce, azeda, salgada ou amarga, ignorando toda a textura e aroma nela presente. É como que conduzir um julgamento tendo em conta apenas a etnia do acusado, ignorando por completo todo o contexto e toda a diversidade de provas e contraprovas apresentadas. É como que sentir uma música apenas pelas rimas nela prensentes e não prestar atenção a todas as linhas melódicas e rítmicas que a enriquecem.

Todo este conceito é muito mais do que o termo a ele subjacente. Até porque o termo pode não ter sempre o mesmo significado associado, e de modo algum apresentará sempre os mesmos contornos.

Tudo isto não passa de meras ideias confusas que me surgem juntamente com memórias que, de alguma forma, soam incoerentes, pois insistem em não revelar o que por trás delas se passa.

P.S.- Além disto, quero que precebas a necessidade de tal acto, não que sintas qualquer género de culpa ou arrependimento. Apenas quero que o consideres correcto, esquecendo por momentos essa admirável necessidade de autonomia e esse zelo pela comodidade dos que te rodeiam.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home