Friday, January 21, 2005

Hukuo

O tema sobre o qual eu venho falar se calhar já vem um bocado fora de tempo, uma vez que a China tem vindo a abandonar este sistema de uma forma lenta, mas progressiva, desde 2001. Mas o principal objectivo do post é proporcionar um tema de reflexão sobre a liberdade e sobre diferentes condições sociais, as quais nós não estamos habituados.

O sistema Hukuo foi implantado na China em 1958. Nesta data a China passava por um processo de reestruturação e criação do seu governo comunista dominado por Mao Tsé-Tung. Este sistema foi criado para impedir o sobre povoamento das cidades em contraposição à desertificação das zonas rurais.

Mas em que é que consiste o sistema Hukuo? Segundo esta política todos os chineses possuíam documentos que os classificavam como cidadãos “rurais” ou cidadãos “urbanos”. Para receber quaisquer benefícios proporcionados pelo estado, tais como educação ou certos tipos de permissões de emprego, os cidadãos tinham que estar registados nessa área urbana ou rural.

Analisando a questão, esta lei tornava (e ainda torna, embora numa escala menor) as populações quase como prisioneiras da sua região. As pessoas que nasciam em certo sítio permaneciam ligadas a essa localidade e era extremamente complicado mudar-se para outra zona, uma vez que não teria direito a educação, saúde nem conseguiriam arranjar um emprego nessa zona, visto que necessitavam de uma permissão. No entanto o que aconteceria se não tivesse sido adoptada esta politica? Provavelmente, a meu ver, o sucesso económico alcançado pela China teria sido seriamente comprometido.
Sem o Hukuo teria sido difícil evitar o tal exsudo rural, e consequentemente um desequilíbrio no que diz respeito à economia do país. Basta observar o que acontece actualmente em África, onde a migração para as cidades tomou dimensões incomportáveis. O resultado é facilmente observável nas ruas da maioria das cidades da África Sub-Saariana, onde se observam as condições precárias em que se encontra a maior parte da população, sem emprego ou com situações de trabalho inimagináveis para um europeu (por exemplo: um arrumador de carros para cada três lugres de um parque de estacionamento, ou um assistente para cada uma das 12 bombas de gasolina de um posto automóvel), estas pessoas não têm abrigo, condições de higiene nem comida para alimentar as suas famílias.

Na China actual existe uma grande discrepância no que diz respeito à qualidade de vida nas cidades e nas zonas rurais, o que gera um certo conflito social. É um bocado difícil avaliar a “dignidade” do sistema Hukuo, mas penso que, hoje, a generalidade da população chinesa beneficiou com esta medida (como é obvio a urbana mais que a rural, sem dúvida). Por vezes, a meu ver, são necessárias medidas menos populistas para um bem comum, é necessária uma certa restrição da liberdade de cada um para que não se gere um ambiente anárquico, que em termos gerais, por mais (idiota ou) idealista que se seja, temos que admitir, apenas traria malefícios à generalidade da população.

Comentem, dêem a vossa opinião sobre este assunto. Despeço-me e peço desculpas, novamente, se tiver abordado este assunto de uma forma que considerem maçuda.

6 Comments:

Blogger offtopic said...

penso que talvez tenha sido o ano passado, vi um documentario sobre os jovens chineses de hoje em dia e a forma como eles lidavam com a sociedade em k viviam.

Mostraram varios, mas dois marcaram-me pela extrema diferença que havia entre eles: Uma rapariga da zona rural(penso) e um rapaz duma zona urbana.

A rapariga era duma cidade, ou vila na qual toda.. mas TODA a gente era programada para fazer um cena expecifica. Apartir dos 9 ou 10 anos a sua vida foi Acordar as tantas, ir para a rua fazer uma especie de akecimento, fazer algo tipo juramento da bandeira, trabalhar, trabalhar, trabalhar... mas n ganhava guita!! trabalhava em troka de comida e cama (no seu kurto viviam mais 3 pessoas)

O rapaz vivia na cidade e "revoltou-se" contra o sistema k la tb esta definido e em vez de fikar a fazer o oficio do pai, saiu de casa e viveu como clandestiono, depois entro para uma banda tambem e tokava em sitios, ganhava uma miseria.. mas dizia k era feliz porque estava fora do "sistema"...

acho que tambem ha pessoas "livres" deste eskema mas o facto de eles nascerem (especialmente as mulheres dakela vila) com a vida pre-definida até à sua velhice deu-me quase um choke....

foi uma das poucas vezes k dei graças a deus por estar a viver neste pais.. apesar de tudo.. somos livres, né?

3:04 AM  
Anonymous Anonymous said...

vim retribuir a visita...bigadu por ters ido la ao blog e por comentares. espero k voltes, eu tb ca volto de crteza...fike bem ***
www.levaminhalma.blogs.sapo.pt

1:48 PM  
Anonymous Anonymous said...

Na verdade, nem sei muito bem o que escrever... Porque as pessoas que moram nas zonas rurais serão sempre desfavorecidas em relaçao às pessoas que moram nas zonas urbanas. Até que ponto isso está certo? Que liberdade tiveram para optar? Absolutamente nenhuma! É complicado, pk o país obteve mais sucesso assim, mas... e as pessoas que morrerão prisioneiras no local onde nascerão? Que nao tiveram oportunidade de mudar? É complicado...Só sei que, se um dia, a zona rural se virar contra a zona urbana, entramos na 3ª guerra mundial.. A china, quer queiramos ou nao, está a tomar conta do mundo. Ha chineses porta sim porta sim em todo o Portugal.. Será que ninguém vê isso? Eu gostei do tema que referiste, temos de reflectir sobre isso! é importante. Qualquer dia temos de fazer uma revoluçao contra os chineses, k'é mesmo assim... Beijinho ****

12:23 PM  
Anonymous Anonymous said...

Como sempre esqueci-me de assinar, já é normal no blogspot.. =) anewstart =p ********

12:23 PM  
Blogger Pedro said...

Muito interessante. É assim, temos k avaliar essa política dentro do seu contexto. É muito fácil criticá-la prontamente e defini-la como ditatorial, pk avaliamos tal coisa spr tendo em conta a nossa realidade. A China não é a Europa. A China é um país com um quinto da população mundial, mais de um bilião de bocas para alimentar, educar, auxiliar. É um país enorme com mais de 50 etnias diferentes (sim, os "chineses" não são todos iguais), desde turcófonos muçulmanos, coreanos, mongois, miaos, macaenses (cantoneses + portugueses) e até mesmo russos. Já viram o que é gerir um país destes? Montesquieu pode ser um autor já ultrapassado, mas poucos põem isto em causa: quanto maior é um território, mais restritiva tem que ser a sua forma de governo. Imaginem o que seria se, havendo uma fome, 100 milhões de camponeses migravam para um cidade tipo Shangai? Ora isso não acontece, felizmente, porque o governo chinês dá grande valor ao campo. Sim, é verdade, a vida dos indivíduos é planificada, mas só até um certo ponto, e tem que ser assim, os campos não podem ficar por lavrar, as pessoas precisam de comida, se assim não fosse, o país entraria em colapso. Há um défice de liberdade na China, mas o que é facto é que a China cresce economicamente ao nível de quase 10% por ano, e está já perto de dominar a economia global. A coisa processa-se por etapas. Primeiro, tiveram que sacrificar as liberdades individuais, meter certos ideais na gaveta, lixar o ambiente até, mas já estam perto do dia em que poderão providenciar a todos os cidadãos um nível de vida digno, comparável ao nosso. E nesse dia então, poderão evoluir politicamente, pois a evolução é imparável, lembrem-se que brevemente a China será o país com o maior numero de internautas, e então será impossível travar uma evolução cultural. Eu estive em São Paulo, fui a favelas e tudo, e vi com os meus olhos o resultado da anarquia urbana e do êxodo rural. A liberdade tem que ser um estádio final, pois primeiro há barrigas para ser alimentadas, e cabeças para ser educadas. E, não existe um só caminho para a felicidade, seja na política, seja na vida pessoal. Abcs :)

3:23 PM  
Anonymous Anonymous said...

Bem, marco, esse tema que tu propoes é extremamente complicado:

por um lado, parece k o k tem vindo a ser alcançado pela china, devido a essa política, melhorou muito a china como um todo...mas por outro foram as liberdades individuais restringidas... eu n sei muito bem ao k aplaudir, sempre me ensinaram a considerar a liberdade como um dos mais sagrados direitos do homem. E isto leva-me a pensar se a política chinesa terá sido correcta...quer dizer, tlx agr as pessoas possam todas ter direitos mais iguais e tlx estejam tdas melhores. Mas sacrificaram-se umas pelas outras.... Vale a pena? Pode haver uma data de chineses que não viveram felizes por causa disso... eu sei, se calhar tb n viveriam mt melhor se esta política n existisse. MAs é como eu disse, é muito complicado, dá muito que pensar. De qualquer maneira acho que devemos aceitar os factos: em qualquer situação, há sempre uns que têm de ficar pra trás para beneficiar outros: é a verdade pura e crua. Para uma empresa ter o monopólio da sua área, a concorrente tem de ir À falência; para uma pessoa que concorre para um emprego ficar com ele, uma outra fica para trás, desempregada. Na China é a mesma coisa: para uma geração vivr melhor, tem de outra ver as liberdades pessoais limitadas... Assim, funciona o mundo, e, por muito que queiramos, nunca se vai conseguir a felicidade geral.

Bjs
Sue

4:06 PM  

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